Mariana faz parte do Coletivo Das Lutas e está há 3 anos passando por esse processo.

Quem puder e quiser ajudar, leia o relato e participe da vaquinha.

A VAQUINHA DA MARIANA E ANA PAULA

Contexto:

No dia 01 de março de 2014, eu saí do hospital onde minha vó estava internada (e depois veio a falecer) por volta de 22h. Minha prima iria me render para que eu encontrasse meus amigos e tivesse a oportunidade de pular carnaval, já que minha rotina era dormir dia sim, dia não, no hospital com minha avó. Chegando ao Centro, encontrei com amigos e fomos em direção ao largo atrás do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, onde havia uma apresentação de fanfarras.

Depois de um tempo, fui ao banheiro com uma amiga num local comercial próximo. Ao sair do banheiro, várias pessoas reclamavam na fila que o banheiro masculino estava sujo de fezes, “todo cagado” como dizemos no popular. Ao ver uma pessoa se dirigindo para o que imaginei ser a cozinha do estabelecimento, resolvi avisar do que ocorria, exatamente assim: “Oi, tudo bem? Então, o banheiro masculino tá todo cagado, será que alguém pode ir lá dar uma olhada?”. Minha amiga estava saindo do banheiro e pôde acompanhar tudo que relato.

A pessoa interpelada mandou eu me fuder e me xingou de piranha, batendo com a porta da cozinha na minha cara. Indignada, abri a porta e questionei sobre a forma de tratamento, gesticulando muito (quem me conhece, sabe que falo com as mãos). Ele estava sozinho no que parecia ser uma ante-sala da cozinha, toda de ladrilhos. Durante a discussão, num momento em que me aproximei mais, fui agredida com uma garrafa de Heineken longneck. Abriu-se um rasgo enorme em minha testa que sangrou muito, imediatamente.

As coisas ficaram meio borradas e me lembro de poucos detalhes, mas me lembro da minha camisa branca empapada de sangue,do chão estar completamente sujo de sangue e da voz da minha amiga gritando: “olha o que você fez com ela!”. Bem, depois de algum tempo, uma moça veio me ajudar e me colocar sentada numa cadeira no local. Tentou limpar meu ferimento e colocou um bandaid, na tentativa de estancar o sangue. Não estancou. Surgiram seguranças. Meus amigos iam descobrindo o que havia acontecendo aos poucos e aos poucos eram liberados ou impedidos pela segurança do local de entrar e me ver. Muito da noite está borrado, mas fui levada pelos amigos para o Souza Aguiar, onde tomei pontos, e depois para delegacia, onde lavrei BO.

No dia seguinte, Ana Paula (que estava lá) postou um relato sobre o que havia acontecido, com uma foto da pessoa envolvida na situação. Uma foto que ele havia permitido que ela tirasse, com arrogância e a certeza da impunidade, e dizia: “Pode tirar”! Eu compartilhei o relato de Ana, explicando que a pessoa que havia sido agredida era eu. E contando mais ou menos o que estou contando aqui. No dia seguinte, essa pessoa lavrou um BO de calúnia e difamação contra nós duas e contra o Facebook, pedindo 28.000 reais.

Tivemos que ir a diversas audiências com essa pessoa, onde ele nos encarava, mentia descaradamente, dizia não saber de onde veio a garrafa, seu advogado nos ameaçava, onde todas as táticas de desestabilização eram realizadas com a destreza de um mestre. Eu era obrigada a encarar mil vezes essa pessoa do outro lado da mesa, e em um momento ele até procurou minha advogada para me pedir desculpas. Como disse, todas as estratégias possíveis de desestabilização. Isso foi em 2014. Imaginem viver isso por 3 anos. Encarando essa pessoa na sua frente e não poder dizer nada além do que deve ser dito numa audiência judicial.

Bem, o que eu realmente não esperava, aconteceu. A pessoa ganhou o processo cível contra nós. Com uma sentença que beira o risível, fantasioso, e que foi veiculada em rede social. Uma sentença que compara uma mulher agredida com uma linchadora. Que compara uma declaração sobre um fato verdadeiro, uma agressão que realmente aconteceu e foi considerada lesão corporal na delegacia, a um linchamento moral. Aí está o contexto da vaquinha. A justiça patriarcal condenou pagamento de 4 mil reais a pessoa envolvida. Ah! E a postar uma retratação a ele também, não esqueçamos desse detalhe. Então, se postarmos algo do gênero, será por decisão judicial, e não porque acreditamos nisso.

Ps: Por motivos óbvios, não posso me referir a pessoa neste relato como agressor. O processo criminal ainda está rolando na justiça, e não posso afirmar nada que não esteja devidamente julgado.

A vaquinha:

Estamos pedindo ajuda para pagar os 4 mil reais que ele pediu no processo + 10% do valor da sentença para honorários do advogado dele (400 reais) + custas judiciais (que devem ficar por volta de 1000 reais ou mais) + 2.000 reais de multa judicial por não postar a retratação (não tem como postar uma retratação por ter sido agredida), além dos custos com a advogada criminalista, que são de 3.800 reais atuais. Então, essa vaquinha tem por propósito arrecadar 11.220 reais, mais as taxas do site. Por isso arredondei pra 13.000 reais, pois pagamos 6,4% de taxa por cada transação e uma tarifa de 0,50 centavos por transação. Já recebemos diversas ajudas em outros momentos, e sou muito grata a todos por isso. E já recebi uma ajuda para esse momento que será revertida pros custos judiciais.

Quem preferir fazer a transferência direto em conta, me avise. Esta é minha conta no Facebook (https://www.facebook.com/mariana.c.santos), basta mandar um inbox para pedir os dados.

Estar desempregada e nessa situação é algo muito difícil, então conto com o auxílio de todos para fazer essa vaquinha circular. Demorei um certo tempo para fazer a vaquinha porque é preciso coragem para se expor e colocar assim, de maneira tão aberta tudo que vivi. Estou muito cansada disso tudo e só gostaria que acabasse. Estamos, eu e Ana. Mas sei que ainda não acabou. Ainda rolam algumas águas judiciais por aí, esperemos pelo desdobramento.

Então, preciso de vocês.

Se 1300 pessoas doarem 10 reais, tá feito.
Se 650 doarem 20, tá feito. Sem 300 doarem por volta de 45, tá feito.

Doe quanto puder, 10, 20, 30, 40, 50, 100, com o coração.

Com todo amor, Mariana.

LINK DA VAQUINHA: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/vaquinha-da-mariana-e-ana-paula-ajuda-para-pagamento-judicial

 

Se antes de doar ou compartilhar você quiser se certificar da veracidade do processo, da sentença e dos valores estipulados, pode consultar pelos nossos nomes ou pelo número do processo (0141235-59.2014.8.19.0001) na busca do Juizado Especial do site do TJ-RJ, porque o processo fica disponível a todos pelo site do tribunal.